Você viu quanto aquela mulher cobrou do marido para ter um bebê?
$50 mil. Confesso que achei pouco.
Ser mãe me custa caro.
E nem é só, mas também sobre dinheiro.
Custa um impacto gigantesco na carreira profissional. São as mulheres que são demitidas no retorno ao trabalho porque tem filhos pequenos e podem precisar faltar mais vezes. Somos nós que ficamos desatualizadas porque o tempo é curto demais para cursos e congressos. Ou é isso, ou é uma vida longe da criança, com um trabalho que exige dedicação de 8 ou mais horas por dia. Custa caro ficar longe do filho. Custa carregar a culpa: devo reduzir a carga ou devo aumentar?
Custa caro para a nossa saúde mental porque a cobrança para ser a melhor cuidadora e educadora da criança é altíssima. Não podemos falhar. Temos que corresponder à expectativa de todo mundo. Tenho que amamentar seis meses, mas não devo amamentar uma criança grande. Não posso deixar no colo, não posso deixar sozinho. Não posso sair com as amigas, mas estou muito em casa. “Credo! Vai cortar esse cabelo!”
Custa caro porque são horas dedicadas à estudos sobre educação positiva, comunicação não-violenta, feminismo para crianças, modelos pedagógicos, escolha da creche, escola e mergulho profundo na infância e nas relações para evitar a reprodução de padrões.
Custa a invisibilidade do cuidado: vacinas, agendamento da pediatra, sapato que ficou pequeno, roupas para doar/vender, comprar roupas novas.
Custa o tempo para a organização das festas de aniversário, das viagens, dos passeios no tempo livre. Custa muito.
É duro pra gente e nos custa caro. Custa adjetivos pejorativos, cansaço, nossa saúde mental, nosso auto cuidado
E custa o julgamento por não poder sentir inveja ou raiva de quem dorme plenamente uma noite inteira de sono, toma banho todos os dias, almoça no horário de trabalho com colegas, ascende profissionalmente e ainda pratica atividade física.
Já fez aí as suas contas?
Tá saindo caro ou barato?